pairava um silêncio tenebroso, apenas se ouvia o respirar, o som emitido pelas portas a abrir e a fechar, pela voz que dizia sempre, "próxima paragem...", como se fosse um disco riscado, estavam lado a lado, mas parecia que estavam a quilómetros de distância.
os sentimentos confusos, pairavam no ar, sentia-se desilusão, sentia-se medo, sentia-se arrependimento.
sentimentos abstractos que penetravam nas outras pessoas que em silêncio, se encontravam presentes, elas sentiam-nos, elas deixavam-se dominar por eles também, como eu disse penetravam-nas.
observavam a paisagem que corria pelas janelas gigantes daquele monstro ferroviário, tão rapidamente, tão atentamente, tão profundamente... apenas desejando não estar ali fechada, mas poder estar noutro lugar qualquer, como naquelas praias selvagens e agitadas, longe de tudo, longe de si mesma, e dos seus sentimentos e pensamentos. mas não havia nem um único lugar para o qual ela pudesse fugir, acabou por permanecer ali, naquele comboio, em silêncio absoluto.
